23 de abr. de 2013

Ciúme é aviso
prévio

17 de abr. de 2013

Arreda os móveis, tira a poeira e pendura as roupas no varal.
Hoje é dia de fazer faxina nos guardados do peito.
Tenho o coração na ponta dos dedos.

1 de out. de 2012

Da série das Penélopes V (ou histórias sobre o amor)

Bailei nas curvas do vento
que tuas mãos desenharam no salão
nas frestas delicadas do vestido
uma pitada coisa crua
alguns amores mal paridos
e um punhado de tesão

13 de ago. de 2011


Porque a alma não cansa do infinito IX (Na lente: Laize)

Porque a alma não cansa do infinito VIII (Na lente: Laize)

Porque a alma não se cansa do infinito VII (Na lente: Laize)

12 de ago. de 2011

Autorretrato em duas linhas

Tenho o tamanho do meu coração

Uma poeta-guerreira vive em mim

Poeminha do baixo-ventre

Ventres gestam ventres na velha sabedoria feminina. Minha lucidez ganha brilho na lucidez de tantas mulheres-amigas.

11 de ago. de 2011

Já perdi as contas de quantas vezes morri e renasci nesta vida. Sempre que morro, logo quando os olhos fecham, levanto vôo e faço voltas entre o passado e o futuro para tentar achar onde pousar. Quando pouso, abro meus olhos, limpo as feridas de minhas longas asas e parto para abraçar o mundo mais uma vez.

8 de fev. de 2011

Nerudianas

Pedi ao vento
que leve
um sussurro

sussurro doce
feito de brisa leve
quando leve me deito

no leito
de beijos
e pão de Neruda:


yo te extraño

7 de fev. de 2011

Poesia embrulhada e desavergonhada

Poetei poeteiramente num dia poetado de poetagens.

Para um dia sem coragem

Passou preocupado
com sua sacola cheia
seu lenço amarrotado
num bolso quase vazio
esqueceu de olhar ao lado
na beirada da janela
era o vento amendoado
dos olhos perfumados
da moça que ele não viu.

31 de jan. de 2011

Fazer pão é como fazer a vida. É preciso ter paciência, colocar a mão na massa e moldar os afetos na beleza que cresce e perfuma o lugar. Depois disso, repartir. Porque o pão só se completa quando se parte para fazer crescer outras vidas, outros afetos.

20 de jan. de 2011


Porque a alma não cansa do infinito VI (Na lente: Laize)

Porque a alma não cansa do infinito V (Na lente: Laize)

Porque a alma não cansa do infinito IV (Na lente: Laize)

9 de dez. de 2010

Tenho asas para não esquecer de voar. Levanto voos para pousar onde mora o bem-querer.

11 de out. de 2010

Dobrou calmamente os vestidos e as blusas. Guardou-os logo depois das meias e um pouco antes das fitas para o cabelo. Fechou a mala como quem fecha uma janela que espanta o frio à espera do próximo sol. Coração guardado na mala, carregava consigo toda a vontade de chegar.

21 de jun. de 2010

Da série das Penélopes IV

Depois de muitos sutiãs queimados e calcinhas a perigo, Penélope descobriu que poderia ser santa, guerreira e puta. Foi assim, para comemorar todas as suas faces, que comprara o sutiã mais lindo de sua vida.

19 de jun. de 2010

Da série das Penélopes III

Um dia Penélope descobriu que podia queimar o sutiã. Queimou, mas ainda ficou com a conta na Marisa.

11 de jun. de 2010

A Sierra Maestra é lá em casa

O mundo gira, gira, roda, vira, gira... quando canso, me reviro e me liberto: pego minha caneca de chá quente e faço revolução.

2 de mai. de 2010

Da série das Penélopes II

Na arte de tecer colchas há algumas poucas ferramentas imprescindíveis. Um tear, fios longos e de diferentes cores para os afetos, movimentos cadenciados para a impaciência... e unhas longas e afiadas para quando resolver terminar a peça. Foi em um movimento rápido e curto de dedos que, observando sorridente as unhas feitas de vermelho, Penélope terminou Ulisses.

29 de mar. de 2010

Amores militantes

Na minha carne estão traçadas diferentes colorações de cicatrizes, umas sobre as outras, e eis que essas são as mais superficiais nos meus matizes. Mas eu confesso, sou de cor vermelha com sopro de ventania em dia de sol e é nesta textura que continuo tecendo colchas e mais colchas no meu coração.

9 de mar. de 2010


Porque a alma não cansa do infinito III.
(Na lente: Laize)

6 de mar. de 2010


Porque a alma não cansa do infinito II.
(Na lente: Laize)

12 de fev. de 2010

De Penélope para Ulisses ou sobre o amor (Da série das Penélopes I)

Lenta.
Senta.
Espera



que cura.

Porque a alma não cansa do infinito.
(Na lente: Laize)

29 de jan. de 2010

Causa Mortis

Esqueceu-se da fidelidade ao próprio coração. Morreu de mal de amores.

12 de set. de 2009

Sobrevivência

Vi um brilho doce num lampejo de olhar. Era um menino em corpo de titã.

11 de ago. de 2009

No dia em que o lótus floresceu, a lama pariu de suas entranhas a mais rara beleza. A lama engravida da flor e é a flor que dá outro lugar à lama no mundo. Quando a flor nasceu, a estranheza do mundo riu da ignorância das gentes. Elas haviam esquecido que é no parto da flor que a vida se faz.

10 de ago. de 2009

4 de ago. de 2009

Pampeanas ou aos de nossa casa

Foi numa viagem ligeira ao sul de seu coração que viu nascer o sol. Um sol de inverno feito para iluminar a memória, enquanto sorvia o gosto quente de seu chimarrão. Era agosto e o sol fazia ver ao longe o pasto verde das terras das gentes pampeanas. Latifúndios de sua alma.

30 de jul. de 2009

Desejo

Tenho saudades dos textos que não escrevi. Textos de noites de vento morno, que deixam torpes os pensamentos, suam a pele e amolecem as carnes. Textos da memória do futuro.

29 de jul. de 2009

Zen ou a arte de doer

Somos feitos dos afetos que temos, dos que não temos e daqueles que nos fazem falta. Se nos fazem falta, é porque ainda não tivemos a coragem necessária de sentir a dor com franqueza. Acolha-a. Doer também é impermanente.

Entre borboletas e katanas

Tua mão contorna minhas veias abertas. Silencia meu sangue bruto derramado que agora estanca. Toques minhas feridas para que não ardam mais. Não as abra. Cuida-as com teus beijos. Não falseies, pois minhas veias cicatrizam ainda que pequenas gotas de sangue sigam emanando de meus profundos cortes. Lava-as com o ardor de quem ama. Cobre-as com tua pele, que nela me abrigarei.

Idas e vindas ou o espelho

Olha-me com o olho que me desejo. Desnuda-me com as mãos que a ti me dei. Cobre-me com a pele que de ti a mim doei. Vaga-te pelas minhas veias que a mim a ti pulsei. Volta-te aos pés que a mim vaguei. Cuida-me, que a ti a mim permito. Choro-te a cada descoberta que de ti a mim faltei em tantas vezes. Abraço-te a cada coragem que de ti a mim concedo. Amo-te, que de ti a mim vislumbras. Amo-me, que de mim a ti não me perco, mas te me encontro.
Vai menina, vê se corre! porque o mundo não te espera e a noite não tarda.

Para não esquecer de voar

Minhas asas batem, mas sou pássaro ferido de profundo corte mortal. Quero renascer, mas não sei me parir. Procuro as partes de minhas entranhas em que serei recebida e acarinhada. Sou Fênix de asa quebrada.

Autorretrato

Busco nas fotos velhas como eu as sensações que não tenho mais lembrança. Minha alma centenária se esgueira em modos de criança. Corro, pulo e ganho roxos para contar os mil anos que vivi.